21 de agosto de 2010

Condenados os assassinos de jovem em Nova Friburgo.

Penas variaram de 22 a 39 anos de prisão

No dia 13 de abril de 2008 um crime bárbaro praticado por três adolescentes e quatro adultos chocou toda a população de Nova Friburgo. O caso da morte de Rafael Frez e a tentativa de homicídio contra sua namorada, Déborah Teixeira Lamblet, foi a júri na última quarta-feira, 18. O julgamento terminou por volta das 3h30 de ontem, com a condenação de todos os envolvidos.
Todas as testemunhas foram liberadas pela Defensoria e o Ministério Público. Para eles, os depoimentos prestados anteriormente em sede policial e em juízo, e os obtidos durante o julgamento (quando depuseram mais uma vez a vítima Déborah, um agente da P2 e os quatro acusados), foram suficientes para a defesa e a acusação.
Foram cerca de 17 horas de julgamento. Ao final o veredito foi comemorado pelos parentes e amigos das vítimas que acompanharam toda a sessão. A acusação sustentou que os quatro acusados, ao todo, praticaram cinco crimes: homicídio, tentativa de homicídio, corrupção de menores, posse de arma de fogo, associação para o tráfico de drogas e o furto do aparelho de CD do carro das vítimas. Os jurados entenderam que todos os crimes foram praticados, o que provocou a apelação dos defensores públicos.
Na manhã de ontem, 19, a vítima Déborah Teixeira Lamblet declarou à redação de A VOZ DA SERRA que estava muito feliz com o resultado obtido no júri. “Foi feita a justiça de Deus e também a dos homens”, disse. Presos já há dois anos e quatro meses, Cristian José Borges dos Santos, o Cristiano; Welton Marins, o Toco; André Pereira Feitosa, 39, e Ana Cláudia Almeida dos Santos, pegaram, respectivamente, 39, 31, 25 e 22 anos de cadeia.

Decisão unânime dos jurados dá penas de 22 a 39 anos de cadeia para os envolvidos
Os jurados opinaram pela condenação dos envolvidos. Foram cinco tipos de crimes denunciados pelo Ministério Público e sentenciados pelo juiz Gustavo Henrique Nascimento, titular da 1ª Vara Criminal. Ontem os envolvidos ainda estavam em Nova Friburgo, aguardando para retornarem ao sistema penitenciário, no Rio de Janeiro.

CRISTIANO – Cristian José Borges dos Santos, o Cristiano, foi julgado pelos crimes de homicídio qualificado, tentativa de homicídio, corrupção de menores, associação para o tráfico de drogas, posse de arma de fogo. Ele recebeu pena de 39 anos e 2 meses de reclusão e foi apontado como o primeiro na hierarquia do tráfico de drogas no Jardim dos Reis.

TOCO – Welton Marins, o Toco, foi julgado pelos mesmos crimes de Cristiano. Sua pena foi menor que a do comparsa, pois ele não efetuou disparos, mas participou dos crimes. Foram 31 anos e seis meses de cadeia. Considerado o segundo homem da quadrilha.

ANDRÉ – André Pereira Feitosa foi apontado como motorista da quadrilha chefiada por Cristiano. Ele foi julgado por participação nos mesmos crimes de Cristiano, com exceção da posse de arma de fogo. Foi condenado também por ter tirado o aparelho de som do carro da vítima e colocado no dele. Pegou 25 anos e seis meses de prisão.

ANA CLÁUDIA – Mulher de André Feitosa, Ana Cláudia Almeida dos Santos foi condenada a 22 anos de prisão por corrupção de menores e pelo homicídio e tentativa de homicídio.

ADOLESCENTES – Consideradas pela vítima as mais cruéis, elas tiveram penas de três anos em instituições de recuperação para menores infratores, mas encontram-se em liberdade.

Relembre o caso
O depoimento da vítima Déborah Teixeira Lamblet, hoje com 23 anos, comoveu os jurados. Ela contou com detalhes o drama vivido junto com o namorado Rafael Frez, que morreu vítima de um tiro que atingiu seu pescoço.
O crime aconteceu na noite do dia 13 de abril de 2008, quando o cortador de lingerie Rafael Frez e Déborah retornavam de um churrasco no bairro Bela Vista e subiram o Loteamento Jardim dos Reis, em Nova Suíça, para dar carona ao casal de amigos Leonardo, o Lequinha, e Jane.
Na parte alta do morro, eles foram parados por Cristiano, que estava armado. Junto com outros comparsas e três adolescentes, ele mandou Rafael parar o carro e disse que ele tinha que ter piscado o farol antes de subir, pois ali era local de tráfico. Neste momento, Leonardo (Lequinha) disse que o casal estava dando uma carona para ele e Cristiano teria mandado Rafael seguir.
Quando estavam indo embora, eles foram parados novamente. Desta vez, Cristiano disse que Rafael tinha sido reconhecido como um dos comparsas do traficante Sumiço, que tinha matado o irmão de Cristiano durante o carnaval.
As agressões ao casal tomaram proporções sérias, ao ponto de terem seus rostos batidos contra um muro. Déborah levou pisões e chutes na cabeça, efetuados por três adolescentes, tendo uma delas chegado a tirar a bota da vítima, dizendo que iria ao enterro da mesma com o calçado.
Cerca de duas horas depois, quando as vítimas estavam deformadas, Toco pegou Rafael pelo cabelo e disse: “já sabemos que você não é a pessoa que pensamos que era. Mas agora é tarde”. Em seguida bateu com a cabeça dele no muro. Cristiano, então, determinou a execução, mandando que Rafael e Déborah fossem mortos em outro local.
As vítimas foram levadas para o Parque das Flores, distrito de Conselheiro Paulino, no próprio carro, dirigido pelo amigo Lequinha. Atrás, no Monza vinho de André Feitosa e Ana Cláudia, estava o traficante Cristiano e uma menor de idade. Logo que chegaram em Furnas, Cristiano abriu a porta do carro das vítimas e disparou contra o casal, atingindo seis tiros em Déborah e outros dois disparos em Rafael, um deles fatal.
Déborah desmaiou e depois de alguns minutos acordou, conseguindo dirigir o carro até um posto de gasolina, onde pediu ajuda. Rafael morreu no local e Déborah foi levada para o Hospital Raul Sertã e no dia seguinte foi à DP onde prestou os depoimentos que resultaram na prisão de Cristiano, Toco, André e Ana Cláudia, além das três menores. Na mesma ocorrência, os agentes da P2 apreenderam três armas de fogo com Toco e Cristiano, uma delas usada no crime.
Fonte: A voz da serra

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